quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Maquiavel: O poder e o resgaste de suas ideias no conservadorismo.

     O ano de 2016 está sendo permeado de referências aos ideais disseminados por Maquiavel, sem o contexto divisório que a Itália do século XVI estava inserida, pensamentos que acabaram se tornando deturpados ao longo dos séculos, mas que, especialmente este ano, se tornaram perigosos por estarem sendo reproduzidos por indivíduos extremamente radicais em seus discursos e conceitos, fazendo assim, particularmente, a obra o Príncipe de Maquiavel, se tornar um espelho aterrorizante de um futuro incerto sob domínio de mentes tão extremistas.


     Vimos neste ano Trump, Doria, Temer, Bolsonaro, entre outros que se enquadram num estilo bem simplório e perigoso de político, dando voz a uma classe tradicional/conservadora que sempre foi influente no que cerne as posições político-ideológicas, mas que se encontrou impotente perante questões liberais que vem sendo discutidas, sentindo-se acuada, essa classe encontrou nesses indivíduos seus representantes para expressar sua voz e seu ideal, a partir dessa observação podemos nos basear em apenas 2 capítulos de O Príncipe para compreender porque estamos vendo o ideal de poder de Maquiavel sendo reproduzido tão intensamente neste ano.
     Os capítulos 15 e 16 nos conduzem a uma reflexão sobre o nosso cotidiano, sobretudo político, trazendo dois aspectos importantes a serem considerados, o primeiro é no que tange a relação vícios e virtudes, mostrando que nem sempre o governante deve fazer o que deveria ser feito, a bondade em meio a contingência humana pode levar ao fracasso e por isso deve ser feito o necessário para a manutenção do poder, ou seja, se tiver de ser mau perante os olhos do povo, que assim seja, quanto a isso vemos com uma profunda tristeza a forma que somos tratados no nosso país, a força desproporcional que nos oprime e nos impede de questionarmos nossos direitos são constantemente usadas contra nós.
     O segundo aspecto é a relação da liberalidade econômica, onde Maquiavel mostra que um governante deve saber os dois lados da moeda, de um lado a opressão nos impostos, fisco e o que mais puder ser feito para sugar o dinheiro do povo, agrandando uma minoria que vive premiada por isso, sabendo que isso resulta em descontentamento da maioria, do outro lado o equilíbrio para manter o poder e agradar a todos, vemos a primeira opção sendo utilizada no Brasil com políticas de austeridade, impostos exorbitantes, corte de gastos com servidores públicos, entre outros, a história é cíclica e as decisões tomadas afetam sobremaneira a população.
     A parte mais conservadora só enxerga a superfície, por isso aceita de bom grado todas essas ações como sendo necessárias para a recuperação da economia, acham-se os vilões no passado e esquece-se o presente/futuro, a maioria é oprimida e paga a conta (dos jantares do Temer por exemplo), onde isso vai terminar a gente não sabe, mas não é nada animador a continuar seguindo essa ideia da fantástica obra de Maquiavel.


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